Andar pelas ruas de uma cidade é uma arte

Andar pelas ruas de uma cidade é uma arte, já disse Rubens Fonseca.  No seu conto “A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro”, o autor conta a história de Epifânio, um andarilho que passa seus dias e noites caminhando pelo Centro do Rio de Janeiro.  E a dica de hoje é exatamente essa: perca-se por lá!

Perder-se pelo Centro é quase uma obrigatoriedade para viajantes e, até mesmo, moradores da cidade. No ir e vir apressado do dia-a-dia é comum esquecer-se de apreciar as “velhas” construções, casarões, o puro jeito de viver na cidade que não está nos guias turísticos. É muito mais um sentir do que ver. São esses “pequenos” detalhes do cotidiano que dão charme às histórias peculiares de todo viajante.

Não se trata de economia no transporte. Andar a pé sem dúvida é uma das melhores maneiras de conhecer um local – além, é claro, de fugir do caos do transporte público. Imagine-se numa cidade com história e cultura transbordando em cada esquina. Qual a graça de atravessá-la por baixo da terra?

Claro que nem todo “flâneur” gosta de sentir-se perdido. Para os que precisam estar seguros, mesmo na metáfora do perder-se, alguns sites disponibilizam downloads gratuitos de mapas para celulares. Numa pesquisa rápida no Google apareceram centenas de referências a esses sites. Basta procurar um adequado à região escolhida e pronto. Ou mesmo usar um GPS ou o site oficial do turismo da cidade http://www.riodejaneiro-turismo.com.br/pt/

Nas ruas do Centro do Rio, o trecho entre a Praça Mauá e a Cinelândia (ou seja, toda a extensão da Avenida Barão do Rio Branco) é passeio para uns dois ou três dias. E haja pernas!

Não se trata de seguir a linha reta da avenida, mas de se aventurar pelas ruas que a cortam.  E aí, é possível encontrar uma infinidade de percursos que fazem parte do imaginário da literatura e da história do Brasil. Rua Sete de Setembro, a Gonçalves Dias, Rua do Ouvidor, Rua da Quitanda (…). Nesse percurso pelo Centro histórico-financeiro da ex-Capital Federal, é fácil encontrar o Museu de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal, a Praça Tiradentes, a Igreja da Candelária, o Paço Imperial (…), além de alguns dos principais centros culturais do Rio, como o da Caixa Econômica, dos Correios e o do Banco do Brasil.

Os que quiserem mesmo uma boa dose de Rio de Janeiro, devem deixar a frescura de lado e reservar um tempo para a Rua da Alfândega, popularmente conhecida como região do Saara. Barulhenta e cheia de gente, quantas ruas podem dar-se o luxo de ter uma rádio própria? São ao todo 1200 lojas distribuídas entre Rua da Alfândega e adjacências. O lugar é tão peculiar que se autodenomina a ONU Brasileira por causa da variedade de raças e credos. Lá se encontra de quase tudo. http://www.saarario.com.br

Se não for suficiente para um choque de realidade do que o Rio de Janeiro tem de melhor, que é sua diversidade, que tal alguns passos em direção ao aglomerado de boxes num comércio “legal” (?) da Uruguaiana? Um mercado popular ou, melhor dizendo, um camelódromo gigantesco com toda a variedade de produtos a preços realmente populares.  Lá se encontram a preços em conta os souvernirs da viagem para presentear os amigos.  E é fácil programar as compras – http://www.mercadouruguaiana.com.br/classifieds

Seguindo sempre seu caminho instintivo, se vir uma igreja que parece qualquer coisa menos uma igreja, pronto, você acaba de encontrar a peculiar Catedral Metropolitana de São Sebastião. E pode fazer o teste: se perguntar a alguém (mesmo carioca) “o que é aquilo?”, corre o sério risco de não saberem responder.  Se estiver nesse ponto de avistar “aquele aquilo”, é provável que cedo ou tarde os Arcos do Aqueduto apareçam na sua frente. Bem vindo, você estará na Lapa – um local que sem dúvida deve estar no seu roteiro noturno pela cidade. De um lado o Circo Voador e do outro a Fundição Progresso, a região é hoje uma das mais boêmias da cidade. Os Arcos da Lapa são famosos aquedutos construídos em 1750 e que, turisticamente, são mais conhecidos por estarem no percurso do Bondinho de Santa Teresa.

Falar em andar no Centro de uma cidade como o Rio (e sinceramente, acho que a lógica do perder-se para conhecer a cidade se aplica a qualquer destino) é deixar em aberto a possibilidade da descoberta. Um novo bar, uma nova galeria de arte, novas lojas, novos personagens, novas histórias (…)

Impossível tentar esgotar histórias e dicas sobre o Centro do Rio – o caminho certo é criado pelo percurso instintivo (ou não) de cada um dos viajantes.

*Crédito da foto: Clujnapoca

 

Por Monica Sousa
Monica Sousa é jornalista. Mestre em Comunicação. Viajante sem luxos. Descobriu o prazer de viajar sozinha e não parou mais. No blog batendo-perna mostra que é possível se divertir gastando pouco. Viajar bem e barato.