A versatilidade de Diogo Portugal
Ele é publicitário e, acima de tudo, humorista. É idealizador e curador do maior festival de humor da América do Sul, o “Risorama”, que acontece anualmente em Curitiba (RS). Diogo Portugal é dono de hilários personagens, como o famoso office-boy Elvisley do programa Zorra Total da TV Globo, a manicure Marlene Marluce Catarina, o porteiro Ediomar, a ex-prostituta Pamela Conti, o fashion Dani Ficado, o publicitário Carlos Umberto Modesto, o lutador de jiu-jitsu Bomba e a idosa Cremilda.
Estamos falando de Diogo Portugal, um dos artistas mais versáteis da nova geração de comediantes. Autor, diretor e protagonista dos espetáculos “Hã?!”, “Portugal é Aqui” e “Senta pra Rir”, no palco, Diogo Portugal se divide entre o stand-up comedy aos esquetes de humor. Seu vasto repertório tem provocado gargalhadas desenfreadas em plateias de diversas cidades brasileiras e até no Japão. Na internet, soma mais de 12 milhões de acessos e está entre os humoristas mais vistos na web.
O Trilha Cultural foi atrás desse aclamado humorista para conhecer um pouco mais sobre sua vida, carreira e projetos. Confira!
Quando e como percebeu que o humor fazia parte da sua profissão?
Diogo Portugal: Acho que foi o destino. Em todas as outras profissões que atuei, antes de fazer humor, as pessoas acabavam rindo do meu desempenho.
E o stand-up comedy, como surgiu para você?
Diogo Portugal: Comecei por volta de 2001. Acho o estilo fascinante; estar de cara limpa, de frente para uma plateia faz com que você passe a sua essência, rola muita verdade nos textos. Às vezes a plateia ri da sua desgraça. De lá pra cá venho escrevendo e atuando com frequência no stand up.
Qual a essência do stand-up?
Diogo Portugal: Para criar logo de cara um vínculo com a plateia é preciso que o público acredite no que você está falando. Por isso que no stand up funciona muito essa coisa de explorar seus defeitos, do gordo falar de como é a vida de gordo, e as situações que ele sofre etc. Mas também achar observações em coisas que nos deparamos todos os dias, mas não costumamos prestar atenção. Nos detalhes.
Acha que é fundamental todo humorista de stand-up começar no palco de um bar?
Diogo Portugal: Sim. Assim como acho que o humorista nunca deve abandonar o bar durante toda a sua carreira, mesmo que já esteja bem sucedido. O bar é como se fosse uma academia para o comediante. É ali que ele testa material, treina o improviso. No bar coisas acontecem ao mesmo tempo: alguém fala no meio do seu texto e te desconcentra, um garçom passa na sua frente e quebra um copo. Você conta com obstáculos e é preciso estar atento. E isto é muito importante para o humorista.
Em sua opinião, quais os assuntos provocam riso na plateia?
Diogo Portugal: Assuntos atuais geralmente ganham o riso imediato da plateia, ainda mais se a piada for bem elaborada. Todos se identificam com um assunto que está na boca do povo e manchetes de jornal, porém, para nós, é um material perecível, dura no máximo uma semana, quem sabe duas.
O que acha da qualidade do humor atual, muitas vezes cruel com pessoas, principalmente celebridades?
Diogo Portugal: Os programas humorísticos estão crescendo a cada dia. É lógico que com tanta quantidade é impossível que não caia a qualidade. A gente vê muita gente copiando várias receitas novas e antigas e no final tudo acaba ficando com a mesma cara. Mas também tem muita coisa engraçada. Com relação às celebridades, o público consegue sacar quando o humorista pegou pesado e isso vai pegar mal para ele. Mas também acho que as celebridades são pessoas públicas e não deveriam levar tão a sério algumas piadas.
Há limites para fazer humor?
Diogo Portugal: Não. O que deve existir é bom senso
Existe uma receita pronta para fazer humor?
Diogo Portugal: Ainda bem que não. O humor sempre vai depender da performance e carisma de quem faz. Mas acredito que uma boa piada é aquela que faz o publico pensar: “Como eu nunca pensei nisso antes?”.
Admira o trabalho de algum humorista?
Diogo Portugal: Sim. Sou fã de carteirinha da maioria dos meus colegas. Porém, se eu for fazer uma lista, posso me esquecer de alguém, e não quero ser injusto.
Fale um pouco do processo de criação dos seus textos.
Diogo Portugal: É difícil. Às vezes as ideias vêm e às vezes parece que elas ficaram surdas de repente, e não querem mais atender aos meus chamados. Existe uma coisa chamada prazo, que geralmente faz com que as minhas criações surjam do nada. A necessidade faz uma boa ideia aparecer.
Como faz para se aperfeiçoar como humorista?
Diogo Portugal: Procuro assistir a muita coisa, não só de humor. Mas se tenho de uma hora para outra uma ideia que acho legal, não espero uma oportunidade aparecer: faço na hora, mesmo sem grana. Com a internet não é mais preciso ter uma emissora e sim uma pequena câmera.
Você já se apresentou no Japão para brasileiros. Como foi a experiência?
Diogo Portugal: Muito legal! Acabei de voltar de lá. Foi a segunda vez no país. Estive no Japão também em 2008 e nas duas vezes tive um público muito receptivo. Adoro aquele o Japão, é uma viagem ao futuro e ao passado ao mesmo tempo. Os brasileiros que moram lá acompanham as notícias do Brasil e isso facilita muito para fazer o show. Mesmo depois da crise e com a volta de muitos brasileiros, tive uma plateia legal. Muitos foram na segunda vez que estive lá. Quero voltar mais vezes.
Algum projeto novo?
Diogo Portugal: Sim. Volto em cartaz em São Paulo com a peça “Senta pra Rir”, no teatro das Artes do Shopping Eldorado, todas as quintas-feiras, quando me apresento como MC e sempre levo três humoristas convidados. No mesmo teatro, na última quinta do mês, apresento um projeto ousado e inovador chamado “A Fritada”, em que também como MC eu convoco um time de seis humoristas e uma celebridade que será fritada.
Estudamos a vida dela e fazemos piadas picantes sobre sua carreira. Muitos famosos têm aceitado o desafio, que tem sido um hit na internet. Na verdade, o fritado sabe que só escolhemos fritar quem a gente tem profunda admiração! Para saber mais é só digitar no YouTube “A Fritada”. Até agora já foram fritados Rita Cadillac, Mieli, Rogéria e o comediante Fernando Caruso.
Sendo mineira, de Belo Horizonte, não posso deixar de perguntar: conhece pessoalmente algum humorista mineiro?
Diogo Portugal: Sim. Tenho dois grandes amigos que moram em BH, ambos são comediantes: Geraldo Magela e Carlos Nunes. E conheço e adoro a cidade. Quando vou a BH tento voltar sempre ao Mercado Central.
Perfil
1-Nome, idade e profissão?
Diogo Portugal, 41, humorista
2-Cor preferida?
Verde, a cor do meu time Coxa! (Coritiba Futebol Club)
3-Gosta de cozinhar?
Gosto muito
4-Prato preferido?
Feijão, arroz bife e batata frita! Também me amarro num Tutú!
5-Restaurante preferido?
Barolo, em Curitiba
6-Lazer?
Gosto muito de viajar, tocar violão e fazer esporte.
7-Lugar para viajar?
Gramado (RS) e Fernando de Noronha. Todos devem ir pelo menos uma vez na vida.
😯 que não pode faltar em uma viagem?
Câmera fotográfica.
9-Lugar que deseja conhecer?
O leste europeu.
10-Livro?
A Escolha Certa de OG. Mandino.
11-Cantor?
Bono Vox, do U2.
12-Ator?
Robert De Niro.
13-Filme?
Quem quer ficar com Mary.