Novo espetáculo da Cia 5 Cabeças é o grande indicado ao 4º Prêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas

“Uma Tendência para Alegria”, que estreou em dezembro de 2017 no CCBB-BH, recebeu seis indicações em Teatro Adulto

Foto: Bianca Aun

O espetáculo “Uma Tendência para Alegria”, da Cia 5 Cabeças, é o grande indicado ao 4º Prêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas, em Teatro Adulto, com seis indicações, incluindo as principais categorias (Texto Inédito e Melhor Espetáculo) e todo o elenco (Saulo Salomão, Carol Oliveira e Luisa Rosa), além do figurino (criado pelo multiartista Jonnatha Horta Fortes, do grupo Oficina Multimedia). A premiação será dia 3 de julho, no Cine Theatro Brasil Vallourec, às 20 horas.

O espetáculo Nightvodka, da Cia Armatrux, dirigido por Eid Ribeiro, também recebeu seis indicações.
Uma Tendência Para Alegria” teve sua temporada de estreia em dezembro de 2017, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH), com sessões lotadas. Logo após a estreia, o espetáculo foi selecionado pela curadoria do Verão Arte Contemporânea (VAC), realizando novas apresentações em fevereiro de 2018.

A Cia 5 Cabeças, reconhecida na cena nacional por trabalhos como “Cachorros não Sabem Blefar”, que percorreu mais de 14 estados brasileiros pelo maior projeto de circulação de artes cênicas do país (Palco Giratório do Sesc), traz novidades na nova montagem. Ronaldo Jannotti e Saulo Salomão, atores da companhia, assumem diferentes funções. Ronaldo estreia na direção teatral e Saulo, além de atuar, assina com o escritor Louraidan Larsen a dramaturgia. A dupla, que estreou na escrita para o teatro, vem de outras parcerias em roteiros para o cinema.

De acordo com Saulo Salomão, indicado a melhor ator pelo personagem Amado, relatos de pessoas comuns, transeuntes de grandes cidades, influenciaram diretamente na construção do texto, também indicado ao prêmio. “Louraidan tem uma página chamada “Escafandrista” (facebook.com/escafandrista), onde publica histórias criadas a partir de conversas ouvidas nas ruas e de conversas dele mesmo com pessoas desconhecidas, a maioria em espaços públicos. Isso nos alimentou e ampliou na construção dramatúrgica”, explica o ator/dramaturgo.

A dependência, o desgaste das relações, a solidão compartilhada e o condicionamento humano como antítese da liberdade são alguns dos temas do espetáculo, cuja narrativa decorre pontuada pelas mudanças das estações do ano, que refletem no desgaste das relações entre as três personagens plurais e brasileiras, que, mesmo morando juntas, sentem-se sozinhas e aprisionadas em seus universos e relações de dependência mútua.

Amado (Saulo Salomão), acreditando ser um cantor famoso, espera ansioso para dar entrevistas e ouvir as suas músicas na rádio; Rara Magia (Luisa Rosa), uma mulher que aguarda a volta de seu filho e que faz de um vão embaixo da pia a sua morada; e Bernadet (Carol Oliveira) que, apesar de não ter forças para se levantar de cama, leva para dentro da casa o que acontece do lado de fora, na rua, por meio do que observa da janela de seu quarto.

Questões existencialistas estão presentes em cena, mas há também conflitos contemporâneos. Crises sociais e influência dos meios de comunicação no dia a dia das pessoas são abordadas na montagem. Para o diretor Ronaldo Jannotti, o espetáculo traduz a situação atual do Brasil. “Um sentimento de incompletude, de uma falta de perspectiva de melhora”, afirma. Não é por acaso que Bernadet aparenta uma grande força para agir e, entretanto, acaba por permanecer sempre prostrada em uma cama.

Os desafios da direção foram compartilhados por Ronaldo com outros criadores. A atriz e diretora Mônica Ribeiro, por exemplo, foi convidada para ser provocadora artística. Já Byron O’Neill, que dirigiu e escreveu todos os outros trabalhos do grupo, participa como assistente de direção.

Sinopse de Uma Tendência para Alegria
Adiaram meu show. A culpa é da chuva que vaza da pia e me deixa mofada de calor e frio. Se pudesse abrir a janela, o vento talvez trouxesse meu filho e não só a primavera. Eu, andorinha, me debato sobrevoando a gaiola-cama. A dor não passa e não posso me levantar. A campainha toca e não é ninguém. Que alívio. Quem não é ninguém não lhe falta nada.

Ficha técnica do espetáculo Uma Tendência para Alegria
Dramaturgia: Louraidan Larsen e Saulo Salomão
Direção: Ronaldo Jannotti
Assistência de direção: Byron O’Neill
Assessoria de direção: Mônica Ribeiro
Elenco: Carol Oliveira, Luisa Rosa e Saulo Salomão
Gestão de projeto e coordenação de produção: Ronaldo Jannotti e Saulo Salomão
Produção executiva: Ana Luísa Lavigne
Cenário: Par Cenografia e Arquitetura (Branca Peixoto e Bruna Cosfer)
Figurino: Jonnatha Horta Fortes
Trilha sonora original: Barulhista
Iluminação: Felipe Cosse
Assessoria de imprensa: A Dupla Informação (Fábio Gomides, Raquel Medeiros e João Dicker)
Criação gráfica: Estúdio Lampejo (Filipe Costa e João Marcelo Emediato)
Gestão do projeto: Saulo Salomão
Assessoria de gestão de projeto: Ronaldo Janotti
Oficina de viewpoints e criação: Madame Teatro – Diego Bagagal e Martim Dinis
Oficina de voz: Babaya
Letra de música: Barulhista e Marina Viana
Realização: Cia. 5 Cabeças

A Cia 5 Cabeças
A Cia 5 Cabeças, que é formada pelos integrantes-fundadores Saulo Salomão, Carol Oliveira, Byron O`Neill, Luisa Rosa e Ronaldo Jannotti, completa em 2019 dez anos de pesquisa contínua. Nesse período, o grupo realizou três trabalhos cênicos independentes, sem o apoio de leis de incentivo ou patrocínio. São eles: as cenas curtas “5 cabeças à espera de um trem”, de 2009, e “Sinto muito: acabaram-se os pães”, de 2012, e o espetáculo “Cachorros Não Sabem Blefar”, de 2011, que representou o teatro mineiro no Projeto Palco Giratório do Sesc 2016.

Os três trabalhos, que possuem dramaturgia e direção de Byron O’Neill, foram contemplados com diversos prêmios em vários eventos e festivais pelo Brasil. “Cachorros Não Sabem Blefar” ganhou o prêmio de melhor dramaturgia original no 9º Prêmio Usiminas/Sinparc 2011.

 

você pode gostar também

Comentários estão fechados.